segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014
DROGAS x POLITICA E SOCIEDADE
Ultimamente muito se ouve falar no problema de ordem global que se chama DROGAS.
Ás informações são diversas, porem como é habitual com temas de grande repercussão tende a ser explorados de muitas maneiras e acabam por perder a objetivada e a veracidade que deveriam ter. O problema das drogas não esta unicamente no uso, ele é muito mais amplo e afeta de muitas outras maneiras aos usuários, e todos os que o cercam, até mesmo as comunidades onde vivem sofrem os efeitos de forma progressiva , que vai se refletindo em todos os aspectos básicos de nosso dia a dia. Saúde, segurança, são apenas alguns dos elementos que sofrem influencia pelo problema que o uso das drogas traz.
Mas antes de falarmos de forma mais direta sobre as drogas e os usuários, é preciso que saibamos um pouco sobre alguns pontos:
1 – Programas de recuperação de usuários de drogas.
Na minha humilde opinião o que de melhor temos hoje em dia nesse quesito são os profissionais que atuam na área. Eles fazem ou tentam fazer o verdadeiro milagre, eles tentam ajudar essas pessoas. Mais o milagre é eles conseguirem fazer o trabalho com condições tão inadequadas quanto as que são oferecidas. Seriam melhor até dizer com a falta de condições, estrutura, recursos com que eles têm que trabalhar.
Entres os muitos profissionais que atuam nessa área estão, psicólogos, assistentes sócias , agentes sócias etc...
Só para que se tenha uma noção, hoje para atendermos com o mínimo de qualidade a 50% da população usuária de drogas, teríamos que ter o triplo de clinicas e instituições que temos, isso significa também o triplo de profissionais que temos . Mais os problemas não se restringe a falta de profissionais e de clinicas, ele esta também na estrutura oferecida e nas condições de trabalho. A maioria dos profissionais que atendem os usuários na rede publica são terceirizados, mal remunerados, não recebem treinamento especifico suficiente para a função, e ainda esbarram na frustração de não poderem exercer plenamente suas funções pela falta de recursos e condições adequadas.
Para quem gosta de uma linguagem mais técnica, na teoria deveria funcionar assim:
Tratamento
O Estado deve estimular garantir e promover ações para que a sociedade (incluindo os usuários, dependentes, familiares e populações específicas), possa assumir com responsabilidade ética, o tratamento, a recuperação e a reinserção social, apoiada técnica e financeiramente, de forma descentralizada, pelos órgãos governamentais, nos níveis municipal, estadual e federal, pelas organizações não-governamentais e entidades privadas.
O acesso às diferentes modalidades de tratamento e recuperação, reinserção social e ocupacional deve ser identificado, qualificado e garantido como um processo contínuo de esforços disponibilizados, de forma permanente, para os usuários, dependentes e seus familiares, com investimento técnico e financeiro de forma descentralizada.
As ações de tratamento, recuperação, reinserção social e ocupacional devem ser vinculadas a pesquisas científicas, avaliando-as e incentivando-as e multiplicando aquelas que tenham obtido resultados mais efetivos, com garantia de alocação de recursos técnicos e financeiros, para a realização dessas práticas e pesquisas, promovendo o aperfeiçoamento das demais.
Na etapa da recuperação, deve-se destacar e promover ações de reinserção familiar, social e ocupacional, em razão de sua constituição como instrumento capaz de romper o ciclo consumo/tratamento, para grande parte dos envolvidos, por meio de parcerias e convênios com órgãos governamentais e organizações não governamentais, assegurando a distribuição descentralizada de recursos técnicos e financeiros.
No Orçamento Geral da União devem ser previstas dotações orçamentárias, em todos os ministérios responsáveis pelas ações da Política Nacional sobre Drogas, que serão distribuídas de forma descentralizada, com base em avaliação das necessidades específicas para a área de tratamento, recuperação, redução de danos, reinserção social e ocupacional, estimulando o controle social e a responsabilidade compartilhada entre governo e sociedade.
A capacitação continuada, avaliada e atualizada de todos os setores governamentais e não governamentais envolvidos com tratamento, recuperação, redução de danos, reinserção social e ocupacional dos usuários, dependentes e seus familiares deve ser garantida, inclusive com recursos financeiros, para multiplicar os conhecimentos na área.
Diretrizes
Promover e garantir a articulação e integração em rede nacional das intervenções para tratamento, recuperação, redução de danos, reinserção social e ocupacional (Unidade Básica de Saúde, ambulatórios, Centro de Atenção Psicossocial, Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas, comunidades terapêuticas, grupos de autoajuda e ajuda mútua, hospitais gerais e psiquiátricos, hospital-dia, serviços de emergências, corpo de bombeiros, clínicas especializadas, casas de apoio e convivência e moradias assistidas) com o Sistema Único de Saúde e Sistema Único de Assistência Social para o usuário e seus familiares, por meio de distribuição descentralizada e fiscalizada de recursos técnicos e financeiros.
Desenvolver e disponibilizar banco de dados, com informações científicas atualizadas, para subsidiar o planejamento e avaliação das práticas de tratamento, recuperação, redução de danos, reinserção social e ocupacional sob a responsabilidade de órgãos públicos, privados ou de organizações não governamentais, devendo essas informações ser de abrangência regional (estaduais e municipais), com ampla divulgação, fácil acesso e resguardando o sigilo das informações.
Definir normas mínimas que regulem o funcionamento de instituições dedicadas ao tratamento, recuperação, redução de danos, reinserção social e ocupacional, quaisquer que sejam os modelos ou formas de atuação, monitorar e fiscalizar o cumprimento dessas normas, respeitando o âmbito de atuação de cada instituição.
Estabelecer procedimentos de avaliação por uma comissão tripartite e paritária para as diversas
modalidades de tratamento, recuperação, redução de danos, reinserção social e ocupacional, para usuários dependentes e familiares, com base em parâmetros comuns, adaptados às realidades regionais, permitindo a comparação de resultados entre as instituições, aplicando para esse fim recursos técnicos e financeiros.
Desenvolver, adaptar e implementar diversas modalidades de tratamento, recuperação, redução de danos, reinserção social e ocupacional dos dependentes químicos e familiares às características específicas dos diferentes grupos: crianças e adolescentes, adolescentes em medida socioeducativa, mulheres, gestantes, idosos, pessoas em situação de risco social, portadores de qualquer co-morbidade, população carcerária e egressos, trabalhadores do sexo e populações indígenas, por meio da distribuição descentralizada de recursos técnicos e financeiros.
Propor, por meio de dispositivos legais, incluindo incentivos fiscais, o estabelecimento de parcerias e convênios em todos os níveis do Estado, que possibilitem a atuação de instituições e organizações públicas, não governamentais ou privadas que contribuam no tratamento, na recuperação, redução de danos, reinserção social e ocupacional.
Propor a criação de taxas específicas para serem arrecadadas em todos os níveis de governo (federal, estadual e municipal) sobre as atividades da indústria de bebidas alcoólicas e do tabaco, para financiar tratamento, recuperação, redução de danos e reinserção social e ocupacional de dependentes químicos e familiares.
Garantir a destinação dos recursos provenientes das arrecadações do Fundo Nacionai Antidrogas (composto por recursos advindos da apropriação de bens e valores apreendidos em decorrência do crime do narcotráfico) para tratamento, recuperação, reinserção social e ocupacional.
Estabelecer parcerias com universidades para implementação da capacitação continuada, por meio dos polos permanentes de educação, saúde e assistência social.
Propor que a Agência Nacional de Saúde Suplementar regule o atendimento assistencial em saúde para os transtornos psiquiátricos e/ou por abuso de substâncias psicotrópicas, de modo a garantir tratamento tecnicamente adequado previsto na Política Nacional de Saúde.
Isso é como deveria ser, mas nem sempre é o que acontece, na maioria das vezes o que acontece é que esses usuários são colocados em locais inadequados, sem estrutura, sem atividades ocupacionais, sem controle do seu dia a dia, locais que acabam por parecer mas depósitos .
Outro erro comum cometido nesses locais é a total falta de critério, de avalição para determinar a melhor forma de tratamento, todos tem direito a receber ajuda, tratamento mas o mesmo tratamento pode não se aplicar a todos , podendo até em alguns casos piorar o estado do indivíduo . Essa avaliação deve ser feita por profissionais qualificados que ira determinar qual a melhor forma de proceder com cada indivíduo.
Agora vamos seguir devagar mais de forma continua para dentro da visão menos técnica , porem mas ampla e objetiva, a maneira que a sociedade vê e sente no seu dia a dia.
ABRIGO PUBLICO PARA PESSOAS EM CONDIÇÃO DE RUA ( VULNERABILIDADE SOCIAL )
Sejamos honestos e deixemos de lado a hipocrisia, aqui ninguém esta querendo fazer nome ou carreira, muito menos politica, sendo assim vamos ao ponto.
Alei é igual para todos ou ao menos deveria ser, certo? Porem será que todos são iguais para a lei ? As leis não são feitas para proteger as pessoas e criar normas que possibilite a melhor convivência social, garantindo ou tentando garantir o bem estar do povo ou ao menos dos que vivem nos padrões sócios estabelecidos?
Será que sou só eu ou mais alguém vê diferença entre um usuário de drogas, um morador de rua que acabou ali por qualquer motivo, desemprego, abandono familiar, opção própria, insanidade etc... , um assaltante, um traficante, um estuprador, ou até mesmo um usuário de drogas que quer se reabilitar de outro que não quer , será que tem diferença entre esses que foram citados ? É claro que tem , não precisa ser gênio nem o maior dos humanistas para saber que tem diferença. Então vem a pergunta que não quer calar. Porque pegam todos os citados e colocam juntos num mesmo lugar? Porque não é feito de forma criteriosa a identificação de cada caso e assim encaminha-los cada um ao lugar mais apropriado a sua necessidade.
O uso de droga traz como uma de suas consequências a perca de valores morais mediante a necessidade de usar a droga. Ou seja, na abstinência é certo que o usuário fará de tudo para saciar sua vontade, coloca-lo num lugar junto com todos os tipos citados, lugar sem estrutura adequada ao seu tratamento, sem atividades ocupacionais, será que isso ira ajuda-lo a recuperar-se? Qual a maior descriminação amontoa-los todos num só lugar aonde provavelmente menos de 5% terão alguma chance, ou separa-los de acordo com suas patologias e necessidades e encaminha-los a locais apropriados .
Pois bem como eu sei dessas coisas? Trabalho num equipamento da prefeitura que visa a reinserção social, sei o que vejo o que vivo lá, sou educador social lido diariamente com centenas de moradores de rua. Não todos, mais a maioria são usuários de drogas, muitos com suas vidas destruídas por causa das drogas, muitos destruíram suas ligações familiares de tau forma que a família não quer nem ouvir falar, outros já foram ao contrario, passaram tantas coisas por causa da família que eles não querem ouvir falar.
A igualdade entre os seres humanos é garantida por lei, mas as necessidades são diferentes, variando de pessoa a pessoa, de problema a problema.
Sendo assim não podem receber o mesmo tratamento, você não cura um câncer com remédio para dor de barriga.
As pessoas depois de um tempo morando na rua tendem a adquiri determinadas doenças, as mas comuns são:
A tuberculose só se transmite pelo ar⁶. O contágio se dá por gotículas eliminadas pela respiração, fala, espirros e tosse. Para que a infecção ocorra, é necessário que ele chegue precisamente aos alvéolos pulmonares. Se não alcançar os pulmões, nada acontece³. Proximidade com pessoas infectadas e ambientes fechados e pouco ventilados facilitam a transmissão³. É comum que após algum tempo morando nas ruas, ou fazendo uso de drogas adquira-se algumas doenças, as mas comuns são :
Mycobacterium tuberculosis ou Bacilo de Koch (BK), mas conhecida como tuberculose.
Transmissão
Hepatite
Quem está sob risco
Todas as pessoas que vivem em condições de insalubridade, com saneamento básico deficiente, são suscetíveis à contaminação.
Considerada a maior pandemia mundial da atualidade. 60 a 80% cronificam em 15-20 anos, evoluindo para cirrose hepática, e 1-2% para hepatocarcinoma. O Brasil é hoje um país que tem portadores crônicos de hepatite B e hepatite C, segundo conceitos do Organização Mundial da Saúde, de nível mediano: 1-3%.
Essas são só algumas, mas existem muitas outras com risco alto de contagio seja pelo contato físico ou pelo ar.
Sabendo disso, imaginem você como profissional mas também ser humano trabalhar num local, em que se tenha contato diário com essas e outras doenças, a onde é inevitável o contato, a onde você precisa por vezes dar banhos, ajudar na troca de roupa, dar comida na boca, trocar fraudas e roupas urinadas e defecadas, isso 12 horas por dia e receber para isso 1 ou 2 pares de luvas descartáveis, e por muitas vezes não ter, mascaras quando tem, também são racionadas e inadequadas, álcool, entre outros produtos básicos, vivem constantemente em falta e quando tem são racionados de forma inadequada. Agora some a isso uma população de 300 a 500 acolhidos, agora complete com um salario liquido de menos de 900 reais, sem plano de saúde ou qualquer outro beneficio, somo? Pois essa é a realidade dos educadores sócias, profissionais que trabalham diretamente e diariamente com essas pessoas.
Não existe milagres, não adianta só criar leis, projetos e etc... se não derem condições para que essas leis e projetos sejam bem sucedidos, para isso temos que criar os mecanismos a estrutura, temos que qualificar pessoal e remunera-los bem e trata-los com dignidade, só assim teremos resultados reais, so assim faremos de fato diferença, não se cuida de pessoas ignorando pessoas .
Temos que ter uma maior e melhor fiscalização desses locais e das verbas destinadas a eles, temos que parar de criar depósitos de pessoas e começarmos a criar equipamentos planejados e adequados para receber essa população, de forma correta e criteriosa, dando a eles de fato condições de mudança de vida, condições cultural, psicológica e profissional, temos que criar um cadastro informatizado dessas pessoas, de maneira a facilitar e a agilizar o acompanhamento delas por onde elas passarem, para que os profissionais posam de maneira ágil, ter acesso ao histórico dessas pessoas, de sua evolução ou piora, temos que ser efetivos, diretos as drogas não estão brincando de destruir, não podemos brincar que estamos tratando, copa do mundo, jogos olímpicos iram passar, mas quando eles passarem nossa cidade com todos os seus problemas ira continuar aqui, igual a você e a sua família, até os governantes passam, quem permanece somos nos o povo, a sociedade e nossos problemas, problemas esses que cabe a nos cobrar dos governantes as soluções, mas que também nos cabe fazer a nossa parte.
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